Cresce o número de divórcios no Brasil, mas igrejas ainda tratam o assunto como tabu.

Sobreviver ao fim

Sobreviver ao fim

Se os levantamentos mostram que o número de divórcios no Brasil cresce a cada ano, nas igrejas evangélicas o assunto ainda é tabu.
Por Alex Fajardo




Na Igreja ainda persiste a ideia de que um crente que chega ao divórcio, seja por qual motivo for, sofreu não apenas uma derrota pessoal, mas, sobretudo, espiritual.

  Volta e meia, Jesus Cristo, em seu ministério terreno, era confrontado com perguntas espinhosas. Uma delas, que até virou dito popular, dizia respeito à validade, ou não, de se pagar tributos ao imperador. “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, a antológica sentença do Mestre, encerrou a questão. De outra feita, diante da mulher flagrada em adultério, os fariseus tentaram condenar o Filho de Deus por suas próprias palavras. Caso autorizasse o apedrejamento, estaria contrariando o perdão que tanto pregava; se optasse por liberar a pecadora, Jesus seria acusado de desobedecer a lei judaica. Simplesmente, ele fitou seus inquiridores e fez um desafio que ecoa até hoje: “Quem estiver sem pecado, que atire a primeira pedra”.
Contudo, uma das falas do Salvador continua rendendo discussões, interpretações desencontradas e inquietação. Instado pelos fariseus a responder se era lícito a um homem deixar sua mulher por qualquer motivo, Jesus foi enfático: segundo ele, apenas em caso de adultério o divórcio deveria seria admitido. O que passasse disso seria devido à “dureza do coração” das pessoas. No momento em que aumenta quantidade de casamentos dissolvidos, na sociedade em geral e dentro da Igreja, a fala de Cristo dá mesmo o que pensar. Hermenêutica à parte, muito mais casais crentes se divorciam hoje do que em tempos idos, quando a ideia de uma separação sequer era cogitada pelos evangélicos. E há argumentos bem razoáveis para sustentar qualquer posição nesta delicada seara da intimidade humana. A verdade é que o divórcio hoje faz parte da realidade da Igreja e cada vez mais gente procura maneiras não só para enfrentá-lo, como também para juntar os cacos e seguir em frente.
Se os levantamentos mostram que o número de divórcios no Brasil cresce a cada ano, ainda mais depois que mudanças na legislação facilitaram bastante a dissolução de um casamento, nas igrejas evangélicas o assunto ainda é tabu. Persiste a ideia de que um crente que chega ao divórcio, seja por qual motivo for, sofreu não apenas uma derrota pessoal, mas, sobretudo, espiritual. Embora não existam pesquisas quantitativas de divórcio entre os crentes, quem trabalha no pastoreio não tem dúvidas ao afirmar que os divórcios estão aumentando, não apenas entre membros de igreja, como também no meio da liderança. “Em minha experiência de vida pessoal e pastoral, nunca testemunhei tantos casos de divórcio no contexto de uma comunidade cristã”, atesta o pastor presbiteriano Ricardo Agreste, colunista de CRISTIANISMO HOJE e autor do livro Feito para durar, em que aborda a questão sob a ótica bíblica.
Apesar da célebre declaração “até que a morte os separe”, tradicionalmente proferida nos casamentos, o fato é que muitos outros motivos estão fazendo as pessoas dividir as trouxinhas e pular fora. Incompatibilidade de gênios, desejo pelo tal “espaço próprio”, desajustes financeiros, transtornos familiares ou simplesmente esgotamento do amor são alguns dos mais invocados. O que não legitima a decisão, na opinião do pastor Carlos Flávio Teixeira, da Igreja Adventista. “Apenas a hipótese de adultério pode justificar, aos olhos de Deus, a separação ou divórcio do cristão”, aponta o mestre em teologia, que também é advogado. No seu entender, embora a legislação e os costumes facilitem cada vez mais as coisas para quem quer botar ponto final no matrimônio, o Evangelho aponta noutra direção. “A lei dos homens dá opções que, para a lei de Deus, não podem ser admitidas”.   Leia mais.... 

Cristianismo Hoje







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