Escândalos podem forçar papa a abrir arquivos secretos, diz vaticanista

Bento 16 divulgou uma carta pedindo desculpas as vítimas de abuso na Irlanda
Assimina Vlahou
De Roma para a BBC Brasil
Um especialista em Vaticano disse à BBC Brasil que, com a série de denúncias de abusos sexuais contra menores cometidos por religiosos católicos, o papa Bento 16 poderá ser obrigado a divulgar arquivos secretos do Vaticano.
Segundo Marco Politi, o Vaticano terá que escolher entre seguir na linha de transparência ou voltar atrás.
"O papa está numa encruzilhada e terá que abrir os arquivos secretos da Congregação para a Doutrina da Fé se quiser ser coerente com a transparência que defende", disse ele em entrevista à BBC Brasil.
Na avaliação do vaticanista, Bento 16 foi muito rigoroso e corajoso na carta aos irlandeses, publicada no sábado passado, ao exigir total transparência e afirmar que os padres responsáveis por abusos sexuais contra menores devem ser punidos.
"O papa disse que deve haver punição e que as vítimas não foram ouvidas. Deve então ser coerente com esta linha e abrir os arquivos do Santo Ofício. Tendo feito uma carta tão rigorosa e transparente, ou volta atrás sobre a transparência ou deve ir até o fim", afirma o vaticanista.
O tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição, era o antigo nome da atual Congregação para a Doutrina da Fé, órgão da cúria romana responsável pela ortodoxia da Igreja Católica e pelas questões disciplinares. Joseph Ratzinger foi prefeito da congregação de 1981 até 2005, ano em que foi eleito papa Bento16
Na avaliação do vaticanista, após terem surgido denúncias em diversos países, o escândalo da pedofilia agora entrou no Vaticano.
"O furacão da pedofilia, depois dos Estados Unidos e da Europa, chegou na Alemanha, pátria do papa, depois na diocese do papa, agora dentro do Vaticano, na Congregação da Doutrina da Fé, onde Joseph Ratzinger foi prefeito, apontando para a sua responsabilidade direta", disse Marco Politi.
Fonte: BBC Brasil
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