A televisão e as comunidades religiosas
Até os anos 80, não havia conflito: o catolicismo se confundia com a própria sociedade brasileira, e sua presença na programação das televisões, privadas e estatais, não era questionada.
No caso da Globo, o país assistia ao que a Arquidiocese do Rio programava por conta de suas relações com o presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, não necessariamente com a empresa.
A Globo era aberta "a todas as religiões, era liberal", diz José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, executivo que comandou as primeiras décadas da rede.
O privilégio à arquidiocese se devia "à ligação pessoal do doutor Roberto com dom Eugênio Salles", então cardeal-arcebispo.
Também na TV Cultura era assim. "Transmitíamos a Missa de Aparecida todo domingo, e nunca ninguém pôs em questão", afirma Roberto Muylaert, ex-presidente da Fundação Padre Anchieta.
"Era a coisa mais normal do mundo."
Com a ascensão das igrejas evangélicas e da ala carismática da Igreja Católica, ao longo das últimas décadas, o quadro mudou.
Num primeiro momento, a Globo se aproximou de Marcelo Rossi e de outros padres de São Paulo, que hoje produzem discos e livros de grande vendagem por meio da gravadora Som Livre e da editora Globo, empresas do grupo.
E mais recentemente se aproximou da música gospel, evangélica, também mantendo sob contrato parte dos artistas que participaram do festival Promessas no último fim de semana, organizado pela Globo no Rio e programado como especial de fim de ano, hoje.
Boni não vê problema na ampliação do espaço evangélico na programação da emissora. "A religião é do povo, é uma mudança de comportamento natural, e a Globo tem que acompanhar."
Mas os vínculos comerciais, tanto com carismáticos quanto com evangélicos, acabam por obscurecer a distinção que se fazia entre a Globo, por exemplo, e a Record, que dedica parte de sua programação à Igreja Universal.
Outras redes não fazem coisa muito diferente, vendendo programação para diferentes grupos evangélicos, carismáticos e outros.
ÁGUAS PASSADAS
Antes de chegar ao quadro atual, houve episódios de conflito aberto, como o "chute na santa" dado por um pastor, na Record, e a demonização de pastores pela teledramaturgia, na Globo -o mais recente em julho, antes da programação do Promessas.
Agora, todas as redes parecem concordar em abrir as câmeras para padres e pastores, sem perder de vista os ganhos financeiros. A cobertura do último sábado, no "Jornal Nacional", mostrou pastores que falavam no intervalo das músicas.
Os problemas surgem, agora, quando se resiste às igrejas, como na estatal TV Brasil, que tentou tirar os programas religiosos da programação e voltou atrás, sob pressão conjunta da Arquidiocese do Rio e do senador Marcelo Crivella, bispo licenciado da Universal.
Muylaert comenta que, por parte das igrejas, a estratégia já não difere mais daquela do mercado publicitário. "Quem tem mídia tem fé", ironiza. Com informações da Folha de São Paulo.
No caso da Globo, o país assistia ao que a Arquidiocese do Rio programava por conta de suas relações com o presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, não necessariamente com a empresa.
A Globo era aberta "a todas as religiões, era liberal", diz José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, executivo que comandou as primeiras décadas da rede.
O privilégio à arquidiocese se devia "à ligação pessoal do doutor Roberto com dom Eugênio Salles", então cardeal-arcebispo.
Também na TV Cultura era assim. "Transmitíamos a Missa de Aparecida todo domingo, e nunca ninguém pôs em questão", afirma Roberto Muylaert, ex-presidente da Fundação Padre Anchieta.
"Era a coisa mais normal do mundo."
Com a ascensão das igrejas evangélicas e da ala carismática da Igreja Católica, ao longo das últimas décadas, o quadro mudou.
Num primeiro momento, a Globo se aproximou de Marcelo Rossi e de outros padres de São Paulo, que hoje produzem discos e livros de grande vendagem por meio da gravadora Som Livre e da editora Globo, empresas do grupo.
E mais recentemente se aproximou da música gospel, evangélica, também mantendo sob contrato parte dos artistas que participaram do festival Promessas no último fim de semana, organizado pela Globo no Rio e programado como especial de fim de ano, hoje.
Boni não vê problema na ampliação do espaço evangélico na programação da emissora. "A religião é do povo, é uma mudança de comportamento natural, e a Globo tem que acompanhar."
Mas os vínculos comerciais, tanto com carismáticos quanto com evangélicos, acabam por obscurecer a distinção que se fazia entre a Globo, por exemplo, e a Record, que dedica parte de sua programação à Igreja Universal.
Outras redes não fazem coisa muito diferente, vendendo programação para diferentes grupos evangélicos, carismáticos e outros.
ÁGUAS PASSADAS
Antes de chegar ao quadro atual, houve episódios de conflito aberto, como o "chute na santa" dado por um pastor, na Record, e a demonização de pastores pela teledramaturgia, na Globo -o mais recente em julho, antes da programação do Promessas.
Agora, todas as redes parecem concordar em abrir as câmeras para padres e pastores, sem perder de vista os ganhos financeiros. A cobertura do último sábado, no "Jornal Nacional", mostrou pastores que falavam no intervalo das músicas.
Os problemas surgem, agora, quando se resiste às igrejas, como na estatal TV Brasil, que tentou tirar os programas religiosos da programação e voltou atrás, sob pressão conjunta da Arquidiocese do Rio e do senador Marcelo Crivella, bispo licenciado da Universal.
Muylaert comenta que, por parte das igrejas, a estratégia já não difere mais daquela do mercado publicitário. "Quem tem mídia tem fé", ironiza. Com informações da Folha de São Paulo.
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