Conhecimento científico é incompatível com fé e religião

A Alene está bastante equivocada, misturando conceitos, termos e ideias. Uma pena, porque parte do caminho ela já fez, para compreender a questão, apenas não consegue dar um "último passo" no processo.



Primeiro, acreditar, com base em evidências, e acreditar, sem base em evidências (por fé, revelação, etc.) são coisas distintas.
Um cientista não "acredita" na lei da Gravidade, ou na Evolução, ele conclui, com base em dados disponíveis, que são reais. Se os dados mudarem, pode até mudar de conclusão, ou ajustá-la.

Já quem "acredita" que Maria foi para o céu de corpo e tudo tem "fé" nesse evento, e nada vai mudar isso, assim como a origem dessa crença não se confunde com o termo usado no exemplo anterior.

E a acusação da autora é apenas um "espantalho", uma falácia de espantalho. Ninguém alega que apenas "ateus" são responsáveis pelos avanços científicos, sabemos que muitos cientistas (mais no passado que hoje) foram religiosos e acreditavam em coisas (deuses, entre elas).

O que alegamos, e provamos com evidências, é que os avanços científicos foram sempre, sem exceção, responsabilidade, bem, da ciência.

Pode parecer uma tautologia, mas é algo que religiosos, como a autora, parecem não compreender bem.

Quando um cientista faz "ciência", mesmo um cientista religioso, fervoroso, ele tem de deixar sua fé, sua crença de lado, ou compromete o trabalho, que deixa de ser "científico".

O resultado da ciência, o conhecimento científico, prescinde da fé e da religião. Na verdade, é incompatível com ela em sua produção, pois é universal, e independe da crença de seu autor.

Por exemplo, Mendel, descobridor das leis da hereditariedade, era um monge cristão. Ainda que na época muitos fossem monges apenas para escapar da miséria e ter onde morar e comer, não é relevante para o avanço científico por ele produzido. Mesmo que ele fosse fervorosamente cristão, seu trabalho NADA tem a ver com suas crenças ou fé.

A evidência disso é que, se ele fosse de qualquer outra fé, ou mesmo se não tivesse fé alguma, mas repetisse os mesmos passos, e processos, de seu trabalho, o resultado seria exatamente o mesmo, as leis da Hereditariedade. Biologia, não religião. Se os mesmos passos fossem feitos por um hindu, seguidor de Bhrama, seria o mesmo. Se Mendel não houvesse descoberto as leis da Hereditariedade, outro o teria feito, sem nenhuma relação com a fé deste.

Outro bom exemplo, Newton, um dos maiores cientistas, era fervorosamente religioso. Mais que cristão, ele se preocupava com misticismo, e esoterismo, investigando processos alquímicos, espíritos, teologia, etc. Mas o que restou de seu trabalho, a única coisa que restou, foi o que não tem nenhuma ligação com suas crenças: cálculo, gravitação, etc. Nenhum dos textos ou trabalhos produzidos por Newton, a partir de suas, muitas, crenças, como sobre alquimia, sobreviveu ao tempo. São todos sem a menor relevância.

Quando um cientista, ou um teólogo, ou quem quer que seja, faz "ciência", ele o faz deixando de lado as crenças, qualquer crença. E NADA até hoje, em termos de ciência, foi produzido a partir de crenças de quem quer que seja, quaisquer que sejam. Nada.

Mesmo quando um religioso se "inspira" em algo de sua fé, precisa, depois disso, determinar as evidências que sustentem essa inspiração, como qualquer cientista não religioso: pelo método científico de validação e rigor. Sem isso, será apenas uma alegação sem base.

Um exemplo para entender (custam a entender, algumas pessoas.:-), um cientista, fervoroso cristão, decide estudar uma nova droga, digamos, contra o câncer. Ele prepara o estudo dentro das normas, separando 50 pessoas de perfil parecido, com o mesmo tipo e padrão de câncer. Estes não tomarão droga alguma. Outro grupo de 50 pessoas idêntico vai receber a nova droga. Outro grupo ainda de 50 pessoas com o mesmo perfil e doença, vai receber placebo, sem saber que é placebo. E nenhum dos médicos que aplicam drogas e placebo saberá quem aplica o quê.

Este é o perfil, simplificado, de um estudo "científico" para novas drogas.

Os resultados são: no grupo de controle, sem tratamento, 3 pessoas se curaram (regressão expontânea). No grupo com placebo, 5 pessoas se curaram. No grupo que recebeu a nova droga, 46 se curaram. Que conclusões podemos tirar disso?

Depende. Se deixarmos a crença do pesquisador de lado, podemos concluir que a nova droga tem efeito real, concreto, sobre a doença. Mas se levarmos a crença dele como "parte" da pesquisa, não. Pois é parte da crença dele, como cristão fervoroso, que deus pode curar, por motivos misteriosos, que não podemos compreender, qualquer pessoa que ele deseje, da forma como deseje, e portanto as curas do grupo que recebeu a nova droga pode ser causado apenas pela vontade de deus.

Não podemos concluir nada, nem podemos, com confiabilidade, prescrever a nova droga para pacientes com esse câncer, pois pode ser apenas a interferência de deus, por motivos desconhecidos que nossa mente não compreende (mas sempre justos e bons.:-), curando pessoas dentro do grupo. E ele pode não fazer isso quando a nova droga for vendida no mercado (de novo, por motivos que não compreendemos).

Mesmo o fervoroso cientista cristão precisa deixar sua fé e suas crenças FORA da pesquisa e da ciência, ou não poderá concluir nada, nunca. Como Laplace ao responder a Napoleão, quando este questionou a ausência de deus em seu livro sobre mecânica celeste: Sire, eu não precisei dessa hipótese.:-)

Enfim, o texto da autora é esclarecedor para entendermos muitas das confusões e enganos que quem crê tem a respeito de quem não crê, e erros de compreensão sobre o que é ciência, conhecimento científico, razão, e como isso tudo difere de fé, crença religiosa e superstições.
por Cognite Tute a propósito de
Leitora critica ateus que atribuem só aos ateus os avanços científicos
Fonte: Paulopes

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