O pouco gospel e o muito cristão
Por Carlo Carrenho
Não entendo música gospel. Pior, não gosto de música gospel. E não gosto porque ela simplesmente não faz sentido, não se explica. Trata-se do único “estilo” musical que independe do estilo musical. Já existe rock gospel, samba gospel, pagode gospel, sertanejo gospel e o escambau gospel. Mas o problema é que a tal música gospel não se define.
Música gospel não se define pela temática. Caso contrário, Gilberto Gil e Renato Russo teriam de ser rotulados de góspeis com suas canções Se eu quiser falar com Deus e Monte Castelo, respectivamente. A primeira é uma ode à oração e a segunda, uma adaptação de I Coríntios 13. Música gospel também não se define pela opção religiosa de seus intérpretes ou compositores. Fosse assim, a arte produzida por Johan Sebastian Bach e por uma certa banda de Dublin teria de ser chamada de gospel.
Música gospel não se define tampouco como música litúrgica. Afinal, faz tempo que ela deixou a igreja para invadir palcos, shows e rádios mundo afora. A música gospel do século 21 possui objetivos muito maiores do que a tradicional função de adoração, louvor e introspecção da música litúrgica – embora, claro, ainda possa eventualmente cumprir esta função.
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