Dúvida irracional

Dúvida irracional

As razões para a descrença são mais complexas do que os ateus tentam demonstrar

Por James Spiegel

A recente publicação do livro do gênio da física Stephen Hawking em coautoria com Leonard Mlodinow Uma nova história do tempo (Ediouro) reiniciou o recorrente debate acerca da existência de Deus. Ao sugerir que o cosmos pode ter sido originado espontaneamente, “do nada” – contrariando parte do que disse em seu bestseller anterior, Uma breve história do tempo, em que admitiu a possibilidade física da Criação –, o cientista britânico deu vigor ao neoateímo, movimento que cresce em todo o mundo e tem um de seus epicentros justamente no Reino Unido. Ateus e agnósticos celebram a obra como fonte de novos argumentos para dispensar as crenças religiosas acerca do tema origens e decretar, à semelhança do que o filósofo alemão Nietzsche fez no século 19, a morte de Deus. Ou, mais modernamente, como o pensador americano Thomas Nagel, que disse esperar que ele não exista. “Eu quero que o ateísmo seja verdade. Não quero que exista Deus, não quero que o universo seja assim.”

A atitude de Nagel, ainda que sutil de alguma maneira, não pode ser considerada comum entre os ateus. A maioria dos céticos demonstra ter chegado a este ponto de vista através de questionamentos legais e racionais. Mas, será que existem outros fatores envolvidos? Cristãos defensores da fé têm respondido aos argumentos dos novos ateus – que geralmente só refazem objeções tradicionais – com argumentos próprios. Como já é de costume, não falam muito sobre as causas irracionais para a descrença. Mas, como seres humanos, não somos feitos apenas de razão; temos também emoções, desejos, livre arbítrio – e tudo isso tem sua influência sobre o conjunto de crenças de todo ser humano. Por mais importante que seja relembrar aos ateus das evidências racionais para a existência de Deus, o problema real em muitos casos tem natureza moral e psicológica.

Esta sugestão é potencialmente ofensiva para os descrentes; mas, ainda precisamos nos perguntar se é verdadeira. De acordo com as Escrituras, a evidências para a existência de Deus são irresistíveis. O apóstolo Paulo diz que o que se pode conhecer de Deus é manifesto. Segundo ele diz em sua Epístola aos Romanos, 1.19-20, os atributos divinos, conquanto invisíveis fisicamente, podem ser claramente compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que aquele que não crê é indesculpável. Já o salmista descreve, com lirismo: “Os céus declaram a glória de Deus; e o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Salmo 19.1). Isso naturalmente leva ao questionamento de que, se as evidências da existência de Deus são tão abundantes, por que existem ateus? Novamente, Paulo fornece parte da resposta no mesmo texto da carta à Igreja em Roma, observando que algumas pessoas “suprimem a verdade pela injustiça.”

A verdade é que todos nós sofremos de espaços de cegueira intelectual criados por nossos vícios pessoais e desejos imorais. Dependendo da dimensão à qual sucumbimos a tal estado, somos tentados a adotar perspectivas que nos fazem racionalizar um comportamento perverso. Quanto a isso, estudiosos não são diferentes de outras pessoas. O filósofo e educador novaiorquino Mortimer Adler (1902-2001) confessou rejeitar um compromisso religioso durante a maior parte de sua vida, pois acreditava que tal confissão interferiria demais no seu jeito de viver, nas escolhas do dia a dia e nos seus objetivos. “A simples verdade desta questão é que eu não queria viver para ser uma pessoa genuinamente crente”, escreveu. Tanto, que preferiu ser batizado anonimamente, aos 81 anos de idade. Continue lendo...

Fonte:

Cristianismo Hoje

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