As mutações do ateísmo

O materialismo e a negação de Deus

Por Norma Braga


O filósofo francês Jean-Paul Sartre defendia o ateísmo, mas não escondia sua aridez. E reconheceu isso ao confessar (cremos que com algum orgulho) a dificuldade que sofre aqueles que desejam rejeitar todo sentimento do absoluto. Afirmava que o ateísmo é “a convicção de que o homem é um criador, mas está abandonado, sozinho no mundo” e “no seu sentido mais profundo, em desespero”. O ateu, para o filósofo, era como o cavaleiro solitário a pregar a esperança, apesar de toda a ausência de garantias. Esse discurso ainda sobrevive e dá muito ibope entre os teóricos modernos. Mas perguntamos: “Quem é o ateu ‘puro’, principalmente no Brasil, terra das religiosidades várias e pululantes?”. Hoje, em uma época de poucos aspirantes a heróis solitários e de certa obsessão pelo conforto, sobretudo espiritual, o ateísmo e sua negação de Deus parecem ser tendências menos populares do que aquelas que procuram
diminuir Deus, sob vários aspectos, segundo cada corrente:



Mutações do ateísmo
Processo de subversão
Humanizar Deus para depois se declarar “seu inimigo”

Retirar de Deus atributos inerentes à sua natureza, como, por exemplo, soberania e presciência
Reduzir Deus a uma “força” impessoal pronta para ser utilizada
esoterismo, paganismo, “paulocoelhismos” em geral
Grupo
satanistas
liberalismo teológico, teísmo aberto ou relacional
esoterismo, paganismo, “paulocoelhismos” em geral

Diante dessa ampla gama de maneiras de negar indiretamente o Deus cristão, podemos pensar que o ateísmo puro funcionou menos como uma opção válida de explicação para a condição humana do que uma preparação da abertura de comportas para essa salada mística que caracterizará a era do anticristo – quando cada ingrediente, por mais distinto que seja do outro, contribuirá para um só objetivo comum: o deslocamento da religiosidade para a força do próprio homem. Assim como a noção de Deus não desaparece, mas é desprezada pela vaidade do poder humano, também é fomentada, nas mais variadas áreas do pensamento, a idéia de uma “transcendência imanente”, quer dizer, a noção do “humano divino”. O roteiro desse fomento ecoa as sucessivas mutações da negação de Deus: 1º Nega-se toda a transcendência, sobretudo no meio científico; 2º Depois, admite-se alguma, mas sempre pelas mãos humanas, sobretudo nas artes; 3º Aos poucos, um materialismo mutante se imiscui em todas as áreas – categórico nas ciências e travestido de “condição humana” na filosofia e nas artes; 4º As transcendências imanentes proliferam em idolatrias artísticas e falsos sistemas religiosos facilmente adaptáveis ao gosto do cliente. Tudo isso nos mostra que onde o materialismo não pode anular por completo a sede humana de transcendência, ele a desloca para objetos finitos e fins imediatos, e nós, como igreja do Senhor, temos de ter sensibilidade para identificá-lo e combatê-lo, seja qual for a sua faceta.


Fonte: ICP Instituto Cristão de Pesquisas

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