Eu e meus dois papais
Pesquisas com células-tronco revelam que um bebê pode ser gerado por pessoas do mesmo sexo — homens ou mulheres
Reinaldo José Lopes
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No futuro, quando alguém fizer aquele velho comentário sobre crianças fofinhas: "Nossa, é a cara do pai!", será preciso perguntar: "Do pai número um ou do número dois?". A ideia parece absurda, mas, em princípio, não tem nada de impossível. A descoberta de que qualquer célula do nosso corpo tem potencial para retornar a um estado primitivo e versátil pode significar que homens são capazes de produzir óvulos, e mulheres têm chance de gerar espermatozoides.
Tudo graças às células iPS (sigla inglesa de "células-tronco pluripotentes induzidas"), cujas capacidades "miraculosas" estão começando a ser estudadas. Elas são funcionalmente idênticas às células-tronco embrionárias, que conseguem dar origem a todos os tecidos do corpo. Em laboratório, as células iPS são revertidas ao estado embrionário por meio de manipulação genética.
Em tese, para possibilitar o nascimento de bebês com o DNA de dois pais (ou mães), basta obter amostras de células do casal e reprogramá-las para produzir espermatozoides e óvulos. Existe uma complicação. É que trechos do DNA das células sexuais ficam marcados quimicamente, indicando quais genes vieram do pai ou da mãe. Essa marcação é essencial para o desenvolvimento do bebê. Enquanto os cientistas não aprenderem a controlar isso, a técnica provavelmente será tão arriscada e ineficiente quanto a clonagem, exigindo centenas de fecundações, bem como gestações de alto risco para a mãe e para o feto. É uma barreira considerável, mas que está longe de ser eterna ou insuperável.
LIGEIRAMENTE GRÁVIDOS Como um casal de homens poderia ter filhos biológicos |
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Fonte: Revista GALILEU
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