Seguidores de Matusalém

Luta constante do ser humano contra o envelhecimento também tem aspectos espirituais.

Por Todd T.W. Daly

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Ampliar a vida para além dos limites biológicos teria um enorme impacto social, político, econômico e ecológico, além de encerrar questões éticas e morais.

Poucos seres humanos têm a ventura de Jeanne Calment, a francesa que morreu aos 122 anos de idade, em 1997. Celebridade de fama mundial, ela entrou no segundo século de vida lúcida, com a saúde razoavelmente boa e pedalando sua bicicleta de vez em quando. Seu segredo? “Uma dieta rica em azeite de oliva e vinho tinto”. Há poucas pessoas no mundo que atingirão esse recorde, mas cada vez mais idosos passam dos 80, 90 ou cem anos não só vivos como também ativos. A progressiva longevidade do gênero humano tem razões que vão bem além da receita de Jeanne, claro. A expectativa de vida tem aumentado consideravelmente, mesmo em regiões mais pobres. Ela se deve a uma melhoria generalizada nas condições de vida e saúde em boa parte do mundo e reflete avanços médicos que erradicaram doenças antes mortais e otimizaram o tratamento de males crônicos. Basta dizer que a expectativa de vida da maior parte das pessoas que nascem hoje dobrou em relação àquelas que viviam na segunda metade do século 19.

Paralelamente a isso, o acesso maior à água tratada, redes de esgotos e medicamentos, bem como maior conscientização acerca de preservação da saúde – como as campanhas contra o fumo e por uma alimentação mais saudável –, têm feito verdadeiros milagres. Paralelamente, produtos e práticas anti-idade ganham força em todo o mundo e movimentam bilhões, como receitas, terapias e dietas especiais, cirurgias plásticas, vitaminas, suplementos minerais, hormônios do crescimento e outras substâncias orgânicas como melatonina, testosterona, estrogênio e outros. A maior parte dos geriatras é clara ao dizer que pode-se apenas mascarar os efeitos do envelhecimento, processo natural e irreversível. Mas a ideia é de que, se é impossível descobrir a mítica fonte da juventude, então que se envelheça bem.

Durante a última década, essa luta incessante contra o tempo tem enfrentado uma transição para os laboratórios. Pela primeira vez, pesquisadores puderam retardar o processo de envelhecimento em animais através de cruzamentos seletivos, restrições de dieta e manipulação genética. Uma das mais promissoras linhas dessa pesquisa é a relação entre o jejum e o envelhecimento. Os biólogos recitam a seguinte equação: faça um ser vivo sentir muita fome e ele viverá mais, envelhecendo de maneira mais lenta. A bióloga molecular Cynthia Kenyon, por exemplo, dobrou o ciclo de vida de um verme alterando apenas um de seus genes, o que resultou em uma menor ingestão de alimento. “Se nossa empresa pudesse produzir uma pílula que tivesse tal efeito, todos a comprariam”, diz a pesquisadora. A expectativa do grupo para o qual trabalha é lançar um produto farmacêutico que reproduza este experimento genético em seres humanos e permita aos consumidores aproveitarem os benefícios da longevidade através do jejum parcial, sem alterar drasticamente suas dietas.

No entanto, esta vida mais longa pode incluir saúde e vitalidade, mas existe o medo de que esta extensão da existência possa prolongar as aflições do envelhecimento. Outra vertente promissora é o desenvolvimento da enzima telomerase. A substância permite que as células continuem a se multiplicar para além de um padrão de tempo, conhecido como Limite Hayflick, uma vez que cada unidade funcional de nosso corpo (chamadas de células somáticas) morrem após alcançar esse limite. Histórias de sucesso na medicina têm chamado a atenção de pessoas às voltas com o processo de envelhecimento, assim como de capitalistas que querem faturar com a questão da extensão da vida. Organizações como a Methuselah Foundation – cujo nome é inspirado pelo personagem bíblico que, segundo o Gênesis, viveu até os 969 anos –, a Centagenetix e a Elixir Pharmaceuticals atuam nessa linha. A Elixir, por exemplo, identifica “genes da longevidade” e espera produzir drogas que reduzam o processo de envelhecimento, bem como as doenças e dificuldades que acompanham esta fase. O grupo já patenteou a manipulação de um gene conhecido como “Indy”, que em laboratório dobrou o tempo de vida de uma espécie de mosca.

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