Religião ganhou força na Seleção Brasileira nas Copas do Mundo

O derramado fervor patriótico exibido pelo auxiliar-técnico Jorginho na última entrevista coletiva em solo brasileiro foi em muito precedido pelo religioso, que veio à luz em 1986, quando o lateral-direito se tornou evangélico. Seu irmão era alcoólatra a ponto de ser resgatado caído pelas ruas, após longas bebedeiras. Salvo pelo encontro com Jesus, virou frequentador de uma igreja evangélica e parou de beber. Foi prova sufi ciente para que Jorginho abraçasse a fé e, posteriormente, passasse a pregar a palavra de Deus aos companheiros nas Copas de 1990 e 1994.

"Ao ver essa transformação, Jorginho, que O na época jogava no Flamengo, não entendia como ele, que era famoso, tinha carro do ano e dinheiro, não era tão feliz quanto o irmão, que não tinha nada”, conta o pastor Ezequiel Batista da Luz, o Zick, amigo do ex-lateral direito. Foi aí que ele decidiu aceitar o convite do Donato, que jogava no América do Rio, e começou a participar dos encontros religiosos. De acordo com o pastor, a leitura da Bíblia mudou até o comportamento de Jorginho em campo. “Antes de deixar Jesus Cristo entrar em sua vida, ele era considerado muito violento.

Sempre levava cartão amarelo ou era expulso. Depois que começou a viver em comunhão com o Senhor, virou outro atleta”, lembra. Na década de 90, quando atuava na Alemanha, chegou a ganhar o prêmio de jogador mais leal do campeonato”, lembra Zick. Orgulhoso, o religioso, que hoje mora em Portugal e ainda prega para jogadores de futebol, guarda como se fossem troféus as camisas do Flamengo e da Seleção que ganhou de Jorginho. Todas com direito a dedicatória.

Na Copa da Itália, em 1990, os cultos reuniam jogadores de todas as religiões. Além de Jorginho, Müller era presença marcante no grupo. Espécie de precursor do grupo ‘Atletas de Cristo’ — do qual Zick foi pastor durante 16 anos —, o atacante, que já havia jogado a Copa de 1986, no México, se tornou referência de devoção a Deus. Em 1999, foi consagrado pastor da Igreja Pentecostal Portas Abertas, em Belo Horizonte, e passou a atender pelo nome verdadeiro: Luiz Antônio Corrêa da Costa.

Müller também esteve na Copa dos Estados Unidos, em 1994, e com Jorginho manteve as orações em alto e bom som, em tabelinha com o capelão Alex Dias Ribeiro. Tocados pela palavra do Senhor, alguns futuros tetracampeões chegaram a se converter. Zinho, que havia perdido a mãe no ano anterior, foi um deles.

Substituído pelo pastor Anselmo Alves, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, na função de capelão dos jogadores da Seleção, Alex Dias Ribeiro cita o círculo de oração feito por toda a delegação brasileira no gramado após a conquista do Tetra para falar da fé de Jorginho:

“Aquilo o marcou muito, porque não foi nada combinado. Ele e o Mazinho tinham previsto ir para o centro do campo e louvar a Deus independentemente do resultado da fi nal contra a Itália. Quando perceberam que todos haviam se juntado a eles, ficaram muito emocionados”.

Respeitado pelo jogadores, Jorginho também foi eleito o ‘caixa’ do grupo. “Para evitar problemas de indisciplina como os da Copa de 90, os atletas fizeram um pacto. Quem chegasse atrasado à concentração após a folga pagava multa. O dinheiro, que seria usado em obras sociais, fi cava sob os cuidados de Jorginho, que nunca se atrasou”, lembra Ribeiro.

Nas Eliminatórias para a Copa de 1994, Zinho se revezava entre concentração e o hospital onde sua mãe, Moiselita, estava internada com graves problemas de saúde. No último jogo, no Maracanã, o Brasil venceu o Uruguai e garantiu a vaga, mas o jogador recebeu a notícia que representou uma derrota quase insuperável: a morte da mãe. Foi quando o apoiador, incentivado por Jorginho, buscou conforto na Bíblia. “Foi a passagem mais marcante, pois, enquanto todos comemoravam, eu enterrava a minha mãe. O Jorginho conversou muito comigo.

Aceitando Jesus Cristo, vi que a morte era só uma passagem momentânea”, afi rma o jogador, que passou a frequentar a Igreja Batista Memorial de Nova Iguaçu. Hoje nos Estados Unidos, Zinho frequenta igrejas evangélicas do país. Em 1994, o lateral foi seu mentor: “Tinha o grupo que gostava de farra, outro buscava Deus. Durante quase dois meses de concentração, o Jorginho promovia reuniões buscando afi rmação na fé”.

Fonte: O Dia

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A UNIÃO ENTRE OS IRMÃOS

Evangélicos praticam o nudismo “sem culpa” em praias brasileiras

Mateus 6:16-18