Irã suspende apedrejamento de iraniana condenada por adultério

Sakineh foi condenada por adultério e participação em homicídio
O Ministério das Relações Exteriores do Irã anunciou nesta quarta-feira que a sentença de morte por apedrejamento contra a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani foi suspensa, embora seu caso continue sendo analisado e ela ainda possa ser executada.
Sakineh, de 43 anos e mãe de dois filhos, foi condenada pela Justiça iraniana à morte por adultério e a dez anos de prisão por participação no assassinato de seu marido.
“A execução da senhora Ashtiani por adultério foi paralisada e (seu caso) está sendo revisado novamente, e a sentença por cumplicidade em assassinato está em processo”, disse o porta-voz da Chancelaria do Irã, Ramin Mehmanparast, segundo a TV estatal local Press TV.
O caso vem tendo grande repercussão internacional, e o Brasil chegou a oferecer asilo a Sakineh, o que foi rejeitado pelo governo iraniano.
Advogado
A suspensão foi confirmada pela agência estatal Fars. “Por decreto do chefe do Judiciário, a execução de Sakineh Mohammadi foi suspensa e não será executada por enquanto”, disse à agência Vahid Kazemzadeh, secretário distrital de direitos humanos.
O secretário disse ter se reunido com Sakineh em uma prisão da cidade de Tabriz (noroeste do Irã) e que ela lhe contou que nunca conheceu o advogado Mohammad Mostafaei, conhecido defensor dos direitos humanos no Irã.
O advogado buscou asilo na Noruega após alegar que estava sofrendo perseguição no Irã por defender Sakineh.
Segundo o Kazemzadeh, Sakineh disse ter apenas assinado um acordo dando a Mostafaei o direito de defendê-la e pago ao advogado 20 milhões de rials (cerca de US$ 2 mil), mas acusou-o de fugir do país com o dinheiro.
O secretário disse que em breve Sakineh falará à imprensa para confirmar a acusação.
Na terça-feira, o Ministério do Exterior iraniano disse que outros países deveriam parar de interferir no caso e que a condenação de Sakineh não era uma questão de direitos humanos.
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Forca
Em meio à campanha internacional pela sua libertação, surgiram relatos em julho de que autoridades iranianas haviam suspendido temporariamente a sentença, mas mantendo a possibilidade de que a ré fosse mandada à forca ou tivesse que cumprir prisão perpétua.
A ONG internacional de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional divulgou um comunicado em que diz que a suspensão anunciada nesta quarta-feira é insuficiente e que as autoridades iranianas deveriam anular a sentença que recai sobre Sakineh.
“Esperamos que esta não seja apenas uma medida cínica das autoridades para desviar (as atenções) internacionais, já que essa suspensão do Judiciário pode ser levantada a qualquer momento”, disse Hassiba Hadj Sahraoui, vice-diretor da Anistia para o Oriente Médio e o norte da África.
A Anistia disse temer que as autoridades iranianas estejam se preparando para apresentar novas acusações contra Sakineh com relação à morte de seu marido, ainda que seu advogado (designado pelo Estado) tenha dito anteriormente à ONG que ela já fora absolvida dessas acusações.
Fonte: BBC Brasil
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