Moisés estava drogado no monte Sinai?

Sim”. Essa é a opinião de Benny Shanon, especialista em psicologia da Universidade Hebraica de Jerusalém. Segundo ele, Moisés teria ingerido a substância alucinógena conhecida no Brasil como chá do Daime, de modo que a doação divina dos Dez Mandamentos seria uma ilusão cognitiva causada pela droga.

A teoria foi publicada na revista de filosofia Time and Mind e divulgada no País pela BBC Brasil, O Estado de S. Paulo e G1. A repercussão do estudo gerou polêmica no mundo afora.

“De acordo com o pesquisador, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo, e se encontram em plantas existentes inclusive no deserto do Sinai”, disse Shenon à BBC. “Segundo o pesquisador, os efeitos psicodélicos das bebidas preparadas com a ayahuasca são comparáveis aos produzidos pelas bebidas fabricadas com o córtex da acácia. A Bíblia menciona essa árvore freqüentemente, e sua madeira é parecida com a que foi utilizada para talhar a Arca da Aliança”, informou o G1.

O rabino Yuval Sherlo, como publicou a BBC, garantiu que “a teoria é absurda e nem merece uma resposta séria”. Segundo ele, a divulgação dessa teoria “põe em dúvida a seriedade tanto da ciência como da mídia”.

Na reportagem, Benny Shanon conta que a primeira vez que experimentou o chá do Daime – à base da planta ayahuasca – foi em Rio Branco, no Acre, em 1991. Desde então, ele realizou estudos relacionando a ayhuasca e o fenômeno religioso, como em seu livro Antipodes of the Mind, publicado em 2003 pela Oxford University Press. Abaixo, Shanon descreve as experiências que teve com o uso do chá do Daime:

“A substância abriu para mim uma dimensão do sagrado que nunca tinha vivenciado antes, tive visões muito fortes, inclusive de cantar junto com milhares de anjos”, descreve o pesquisador israelense. “A experiência foi tão forte que me levou a querer integrá-la no estudo da fenomenologia da consciência humana.”

“Estudei, então, todos os contextos culturais e religiosos ligados à ingestão da ayahuasca”, conta Shanon.

“Cheguei à conclusão de que, nas religiões mais antigas, como a zoroastra e a hinduísta, também houve rituais ligados à ingestão de substâncias que levam a alterações cognitivas, nos quais os participantes ‘viram Deus’ ou ‘viram vozes’.”

O professor de psicologia cognitiva cita o fenômeno da sinestesia, em que se cria uma relação entre planos sensoriais diferentes e o indivíduo se encontra em um estado neurológico que possibilita que ele “veja sons”.

“Na Bíblia, há frases como ‘o povo viu as vozes’, que me chamaram a atenção, pois descrevem exatamente a sinestesia que ocorre com a ingestão da ayahuasca”, afirma Shanon. “Encontrei frases semelhantes em textos e cânticos de outras religiões.”

É verdade que indivíduos sob o efeito chá do Daime têm alucinações nas quais vêem vultos brancos, vozes, entre outros efeitos aparentemente sobrenaturais. Acontece que o efeito dura apenas algumas horas, e no episódio da doação da Lei, Moisés passa 40 dias no monte. Além dos Dez Mandamentos – princípios morais que dificilmente surgiriam de uma mente alucinada, outras leis civis e religiosas são dadas detalhadamente a Moisés. Do capítulo 19 ao 31 do livro de Êxodo, são relatadas as instruções de Deus a Moisés, que incluem ainda toda a construção do santuário de maneira minuciosa e precisa.

Ninguém em delírio poderia produzir leis como essas apresentadas em Êxodo. Shanon, todavia, tenta se explicar: “Mas não é qualquer pessoa que ao ingerir a substância é capaz de criar os Dez Mandamentos, é necessário ser um Moisés para isso. Ao meu ver, a ayhuasca libera uma criatividade interna, como a arte”, propõe.

“Não”, seria a resposta mais óbvia.

Fonte: Ciencia E Religiao

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