Como ensinar sobre sexo

Cristianismo Hoje


Infelizmente, começamos a formação de nossos jovens tardiamente, de maneira ambígua e ineficaz.

Por Stanton Jones

Desde que o aborto foi legalizado nos EUA em 1973, foram registrados mais de 45 milhões de abortos. Esta perda de vida humana é equivalente ao número de pessoas exterminadas na repressão de Stalin na União Soviética ou à perda de vidas na China comunista de Mao. Estas são estatísticas que já usei em outros contextos para demonstrar a profundidade da perversidade humana.

O que as igrejas podem fazer para reduzir o aborto? A resposta de igreja precisa ser multifacetada:

- Precisamos educar, moldar nossos jovens e todas as pessoas. Os Cristãos Evangélicos precisam aprender a celebrar e abraçar sua sexualidade, vivendo esta sexualidade em santidade, não abrindo espaço para o aborto.

- Precisamos criar comunidades que apoiem as responsabilidades e a restrição sexual para os solteiros adultos em nosso meio, que se perdem tão frequentemente na cultura do “mercado da carne”.

- Precisamos formar na consciência das pessoas de nossa comunidade a questão do valor da vida humana.

- Precisamos capacitar membros da igreja para se tornarem cidadãos articulados que compreendam as questões morais nas quais se enquadram as leis e a liberdade, mobilizando cidadãos que possam exercer seus direitos democráticos para moldar a lei do país.

- Precisamos apoiar aqueles que se mobilizam de maneira pensante, testemunhas efetivamente proféticas contra a morte de seres humanos “indesejados”.

- Precisamos ampliar nossos trabalhos de compaixão com crianças que precisam de adoção para que tenham alternativas viáveis de vida e sejam poupados do aborto.

- Precisamos nos empenhar em criar caminhos para que pessoas escapem da pobreza, do sentimento de desesperança e desamparo que é tão comum hoje em nossa cultura.

- Precisamos contribuir para o fortalecimento do casamento e fortalecer o apoio das comunidades para pais e mães solteiros e famílias quebradas em uma época na qual os abortos são feitos em sua maioria não em adolescentes grávidas, mas em mulheres adultas, muitas delas que já tem um ou mais filhos.

- Precisamos orar sem cessar.

Esta é uma desanimadora lista de coisas a fazer. Vou focar nas primeiras ações, porque uma compreensão positiva e profundamente bíblica acerca da sexualidade é algo extremamente necessário nas igrejas evangélicas de hoje. Para uma comunidade que se orgulha por ser “bíblica”, é chocante enxergar a distorção do nosso foco sobre sexualidade. Uma visão bíblica sobre a sexualidade é profundamente positiva, atraente e profundamente arraigada no valor da vida, um paradigma sobre o qual devemos tratar a questão do aborto.

Evangélicos não são fundamentalmente contra o aborto – em nível mais básico, somos definidos por aquilo que somos a favor, mais do que por aquilo que somos contra. Somos fundamentalmente valorizadores da vida e da sexualidade, pois celebramos estas verdades que são nossas em Jesus Cristo.

Infelizmente, começamos a formação de nossos jovens tardiamente, de maneira ambígua e ineficaz. Estamos presos a um paradigma de indiferença e negação quando pensamos sobre a sexualidade. Nossos pastores tem evitado o tema a não ser para rápidas mensagens, orientadas pela culpa e que contém a frase “diga não”. Para nossa tristeza, muitos líderes evangélicos fracassam ao tentar viver os padrões que proclamam e se tornam exemplos públicos de hipocrisia. Visões conflitantes sobre a sexualidade contribuem para que estes fracassos se tornem argumentos e seduzam a nossa juventude. As duas principais visões conflitantes acerca da sexualidade: em primeiro lugar, o naturalismo evolutivo. O ponto de vista do naturalismo, materialista, reduz a realidade ao físico. Sob este ponto de vista, o sexo não tem significado. Um slogan da psicologia evolutiva diz: “Uma galinha é apenas a maneira de um ovo fazer outro ovo”. O sexo seria algo puramente mecânico no qual os genes se reproduzem.

O naturalismo evolutivo é uma maneira fria de ver as coisas e, portanto é fácil compreender porque outro ponto de vista tem um apelo crescente. Eu vou chamá-lo de “formação de identidade pós-moderna”. Pensadores como Nietzsche e Foucault afirmaram que as pessoas estabelecem sua verdadeira personalidade quando rejeitam as normas da sociedade, particularmente na área da moralidade sexual. Nietzsche prometeu que a “Natureza” irá “entregar seus segredos” quando formos bem sucedidos em “nos opor vitoriosamente de maneira antinatural”. Foucault recomendou a “ética da transgressão”.

É parte da condição geral humana a ânsia por sermos nossos próprios deuses e construirmos nossas próprias realidades. D.H. Lawrence escreveu: “[Homens] vivem na feliz obediência daqueles que acreditam ser seus mestres ou vivem em real oposição ao mestre que querem vencer. Na America esta oposição tem sido um fator vital”.

Isto é Romanos 1 vivido de maneira prática como nunca antes. Hoje nos rebelamos não apenas contra os limites culturais e morais, mas também contra os limites biológicos de nossas realidades físicas, como nossos órgãos corporais e até mesmo nossa sexualidade masculina ou feminina. Nos rebelamos ao substituir Deus e seu chamado em nossa vida através de nossos comportamentos, preferências e identidades sexuais. O teólogo David Bentley Hart caracterizou o ideal moderno da autonomia pessoal: “Somos em primeiro lugar, consumidores insaciáveis e não podemos permitir que os espectros da lei transcendente ou a culpa pessoal nos tornem indecisos. Para nós, o importante é a escolha em si e não o que escolhemos”.

Um poderoso modelo contemporâneo da formação da identidade pós-moderna vem de minha organização profissional. Ela afirma que algumas religiões trazem uma visão de que a vida é a luta para trazer a minha vida em congruência com algo maior e que vai além de mim. Em contraste, “modelos multiculturais e afirmativos da psicologia lgbt” tratam da vida como uma busca da congruência para o que experimentamos agora.

Em face a estes pontos de vista, que visão de sexualidade verdadeira, bíblica e positiva pode ser ensinada à igreja e pela igreja? Os elementos chave dizem respeito ao nosso corpo, nossa encarnação, sexual e em gênero, relacional, feitos à imagem de Deus, caídos e conflitantes, abençoados com significativas relações sexuais e a alma em construção.

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