Boates Gospel. Seria Deus honrado nisso?

Quando Davi foi ungido rei sobre Israel, seu primeiro empreendimento foi buscar a arca de Deus que estava fora de Jerusalém desde os dias de Eli (1 Sm 4.1). O segundo livro de Samuel capitulo 6 mostra-nos que o rei Davi fez “um carro novo” (v. 3) para transportar a “arca de Deus, a qual é chamada pelo Nome, o nome do Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins” (v.2). Até aí, aparentemente, tudo bem. Afinal de contas, foi construído um carro novo para transportar o maior símbolo religioso da nação. A arca simbolizava a presença do próprio Deus entre o seu povo. Basta ler 1 Sm 4. 5-7: “Quando a arca do pacto do Senhor chegou ao arraial, prorrompeu todo Israel em grandes gritos, de modo que a terra vibrou. E os filisteus, ouvindo o som da gritaria, disseram: Que quer dizer esta grande vozearia no arraial dos hebreus/ Quando souberam que a arca de Deus havia chegado ao arraial, os filisteus se atemorizaram; e diziam: os deuses vieram ao arraial. Diziam mais: Ai de nós! Porque nunca antes sucedeu tal coisa.” Entretanto, estava prescrito na Lei que a arca do pacto seria transportada pelos levitas, em varais de ouro, e não em carros de bois. O que ocorreu a Davi para criar uma nova forma de transportar a arca? Desconhecia ele o que o Senhor determinara? Obviamente que não! Davi era um adorador na expressão mais plena da palavra. As nações pagãs transportavam os seus símbolos cultuais em carros de bois. O rei de Israel quis, digamos, “impressionar” a Deus dando a Ele a honra que os pagãos davam aos seus deuses. Uma leitura do texto completo revelará que o Senhor rejeitou àquela manifestação de adoração. E alguém morreu por causa daquilo. Séculos mais tarde, o apóstolo Paulo conhecendo a imoralidade do povo romano escreveu à igreja naquela cidade: “E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (12.2). O cuidado do apostolo era para que a igreja na capital do Império não se adequasse aos padrões morais que regia a vida da sociedade romana naqueles dias. Lendo o primeiro capítulo da mesma missiva se percebe que a imoralidade tomava conta do modus vivendi dos romanos. A igreja, entretanto, deveria viver o processo de transformação pela renovação da mente. Considerando que, “transformação” à luz do original é “methamorphos” e a idéia de “mudar de forma; tornar-se semelhante a” entende-se que o que o apostolo defende é a idéia de os crentes viverem de maneira diferente dos padrões do mundanismo. Em 2 Co 3.18 o mesmo apostolo escreve: “Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletimos como espelho a glória do Senhor, e somos transformados de gloria em gloria na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”. Fazendo um paralelo entre os dois textos do mesmo apóstolo, entender-se-á que transformação
é mudar de forma para ser semelhante a Cristo. Aqui aplica-se as palavras de Jesus aos discípulos: “Vós sois o sal da terra...Vós sois a luz do mundo” (Mt 5.13,14). Portanto, a nossa missão é a de influenciar o mundo e não ser influenciados por ele.
Então, até que ponto é coerente utilizarmos recursos do mundo no intuito de honrar ao Senhor? Obviamente que ritmos são ritmos. E não existem ritmos evangélicos e ritmos mundanos. A musica é composta de combinações matemáticas e não tem religião ou denominação. Entretanto, à luz do contexto bíblico havia manifestações de adoração a Deus e formas de culto aos deuses. A diferença se fazia aí. Em Ex 32 quando o povo hebreu fez um bezerro de fundição e o adorou o que irritou ao Senhor não foi apenas a idolatria que eles transportaram do Egito mas, também, a manifestação de culto: “No dia seguinte levantaram-se cedo, e trouxeram ofertas pacificas; e o povo sentou-se a comer e a beber; depois levantou-se para folgar”. No versículo 18 ao ouvir Josué a voz do povo e tendo indagado a Moisés, ele respondeu: “Não é alarido de vitoriosos, nem alarido de vencidos, mas é a voz dos que cantam que ouço”. Onde quero chegar? Era música, dirigia-se a Deus, basta ler o versículo 5: “...Amanhã haverá festa ao Senhor”. Entretanto, era o modo egípcio de adorar e o Senhor rejeitou. “Então disse o Senhor a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir da terra do Egito, se corrompeu” (v. 7). É preciso ter bom senso para entender que tipo de manifestação se adequa a um culto de louvor a Deus. A prova de que era diferente é que Moises fez a distinção de longe e, o versículo subseqüente diz que isto lhe acendeu a ira. Portanto, utilizo-me das palavras de Paulo para afirmar que “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm...” (1 Co 7.12).
Os defensores de tais idéias argumentam que esta pode ser uma forma de evangelismo. Entretanto, o amigo leitor já percebeu que por ocasião da tentação Satanás se utilizou de um texto do Salmo 91 para convencer ao nosso Mestre a saltar do monte? É preciso tomar cuidado com a aplicação conveniente de textos sagrados às nossas pretensões pessoais. A que me refiro? À má aplicação de 1 Co 9.19-23, quando o apostolo afirma: “... E fiz-me judeu para com os judeus... Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei... Fiz-me como fraco para com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”. Apresenta-se, normalmente, estes versículos para justificar determinadas formas de comportamento. Entretanto, vale lembrar que o próprio texto apresenta critérios desta adaptação do apostolo. Leiamos o que diz o versículo 21 especificamente:
“Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei”. Ele deixa claro que não transigiu com os princípios e doutrinas cristãs para conquistar a estima dos seus ouvintes. Pelo contrário, noutro texto afirma categoricamente que, “...nem ainda por uma hora cedeu para que a verdade do evangelho permanecesse...” (Gl 2.5). O que Paulo demonstra aos coríntios é a sua disposição de alinhar-se aos padrões e convicções das pessoas a quem ele evangelizava, sem violar os princípios da fé cristã. Há um episodio na Bíblia que exemplifica bem este contexto. O rei Acaz (2 Rs 16.10-19) vai a Damasco e lá vê um altar pagão. Então, desenha o altar e ordena que em Jerusalém se construa outro igual ao de Damasco para a adoração de Deus. O objetivo parecia o melhor: adorar a Deus. Afinal de contas era um altar! Qual o problema de ser uma cópia de um altar pagão? Jeová nao aprovou. Quando o rei na “melhor das intenções” imitou o paganismo a ira do Senhor se acendeu. Portanto, é melhor não tentar “convencer” a Deus com imitações de adoração. Entenda esse pastor e a sua linha de raciocínio, por favor. Ainda não analisei, neste artigo, toda essa questão do ponto de vista do ser pecado, estritamente. Mas, do ponto de vista do ser coerente, apropriado ou adequado ao culto ou a qualquer manifestação de adoração a Deus. Entretanto, analisando deste ponto de vista, do ser pecado, é preciso render-se ao fato de que qualquer manifestação que apela para os desejos carnais, para a sensualidade ou é mera cópia do estilo mundano de viver se constitui pecado, pois, “...qualquer que quiser ser amigo do mundo se constitui inimigo de Deus” (Tg 4.4). Não acredito que esta seja a pretensão do nosso amado leitor! Portanto, que o Senhor nos ajude a manter firme a esperança da nossa vocação sem, por esse ou aquele conveniente motivo, arredar daquilo que está explicito e implícito na Sua insofismável Palavra.

Pr. Josué Brandão

www.josuebrandao.com.br

Comentários

Anônimo disse…
Se o jovens não estao preparados para se comportar em um meio de evangelicos, estaria ele para lidar com um grupo mundano? Estaria ele preparado para ser a luz em meio à escuridão? Acho que a salvação é independente, e se ele nao sabe saber ir a uma boate evangélica o erro está no discipulado deste jovem.

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