Os Dez Mandamentos do voto ético

O voto ético e a ética do voto

Conseguir benefícios para a igreja, como a doação de terrenos para templos; ter linhas especiais de crédito bancário; obter concessões de rádios e TVs; ter tratamento especial perante a lei... Esses são
apenas alguns tipos de barganha, "acertos", acordos e composições de interesse que costumam ocorrer nos bastidores em épocas de campanhas eleitorais, envolvendo também políticos e candidatos
evangélicos.

Mas, no que depender da AEVB - Associação Evangélica Brasileira, os candidatos que costumam ter esse tipo de comportamento não terão
o voto dos fiéis. Para isso, a Associação, que representa Igrejas de 32 denominações (Metodistas, Batistas, Presbiterianas, Luteranas,
Congregacionais etc.) em todo o país, está distribuindo uma cartilha com os "dez mandamentos" do voto ético, com a qual pretende
orientar os mais de 37,8 milhões de eleitores evangélicos brasileiros (ou 30% dos 126 milhões de eleitores, segundo o Vox Populi).

A cartilha não condena apenas o "jeitinho brasileiro" de conseguir benefícios, mas também a utilização do púlpito das igrejas como "palanque" eleitoral. Segundo o Diretor Executivo da AEVB, Pr. Luiz
Mattos, "o eleitor evangélico não pode ser constrangido a votar de acordo com o que diz o seu pastor, por exemplo. O pastor deve ser
obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e
não como uma profecia divina". E acrescenta mais um dos "mandamentos": "Um político de fé evangélica tem de ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um 'despachante' de igrejas".

Com este Decálogo Evangélico (os "dez mandamentos") do voto ético e lúcido, a AEvB espera contribuir para um processo eleitoral no qual
o voto evangélico não seja manipulado, como muitas vezes já o foi, mas usado com consciência e objetividade para o bem do Brasil.
Considerando que os evangélicos são um dos mais expressivos segmentos da população, a AEvB, reunida em Conferência com Igrejas, Missões e Instituições, julgou indispensável trazer sua
contribuição informativa e formativa à comunidade religiosa a ela vinculada, na intenção de que, assim fazendo, ajude a igreja a amadurecer no exercício da sua cidadania política.

Eis aqui alguns balizamentos fundamentais sobre o uso ético do voto evangélico, conforme o sumário de propostas defendidas na Conferência da AEVB:

I. O voto é intransferível e inegociável. Com ele o cristão expressa sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu País, Estado e Município;

II. O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a realidade social, mesmo que um líder da
igreja tente conduzir o voto da comunidade noutra direção;

III. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com discernimento. No entanto, a bem de
sua credibilidade, o pastor evitará transformar o processo de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;

IV. Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráticos. Portanto, melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar é organizar debates multipartidários, nos quais, simultânea ou alternadamente, representantes das correntes partidárias possam ser ouvidos sem preconceitos;

V. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil impõe que não sejam conduzidos processos de apoio a candidatos ou partidos dentro da igreja, sob
pena de constranger os eleitores (o que é criminoso) e de dividir a comunidade;

VI. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso,
os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de justiça e da verdade. E mais: é fundamental que o candidato evangélico queira se
eleger para propósitos maiores do que apenas defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica.
É óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão político-institucional. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses
restritos às causas temporais da igreja. Um político de fé evangélica tem que ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um
"despachante" de igrejas. Ao defender os direitos universais do homem, a democracia, o estado leigo, entre outras conquistas, o cristão estará defendendo a Igreja.

VII. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa de que um evangélico político votou de determinada maneira porque obteve a promessa de que, em
assim fazendo, conseguiria alguns benefícios para a igreja, sejam rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito bancário, propriedades, tratamento especial perante a lei ou outros
"trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos bastidores da política haja acordos e composições de interesse, não
se pode, entretanto, admitir que tais "acertos" impliquem na prostituição da consciência cristã, mesmo que a "recompensa" seja, aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica.
Jesus Cristo não aceitou ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios, Ele preferiu o caminho da cruz.

VIII. Os votos para Presidente da República e para cargos majoritários devem, sobretudo, basear-se em programas de governo, e no conjunto das forças partidárias por detrás de tais candidaturas
que, no Brasil, são, em extremo, determinantes; não em função de "boatos" do tipo: "O candidato tal é ateu"; ou: "O fulano vai fechar as igrejas"; ou: "O sicrano não vai dar nada para os evangélicos"; ou
ainda: "O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos". É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso,
é válido observar que aqueles que espalham tais boatos, quase sempre, têm a intenção de induzir os votos dos eleitores assustados e impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam
comprometidos.

IX. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é compreensível que dê um "voto de confiança" a esse
irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. Entretanto, é de bom alvitre considerar que ninguém atua sozinho, por melhor que seja o irmão, em questão, ele dificilmente transcenderá a agremiação política de que é membro, ou as forças
políticas que o apóiem.

X. Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra de Deus, de
acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e
não como uma profecia divina.

Associação Evangélica Brasileira


Fonte: www.ultimato.com.br

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